Não me lembro o nome do sujeito. Engraçado, porque eu sempre me lembro de tudo. Um karma. Mas não me lembro o nome do pintor. Enfim, eu estava naquela sala imensa do Museo de Bellas Artes de Santiago sentadinha num banco no meio da grande sala de instalação de um artista realmente fantástico (que eu deveria ter anotado o nome). Ao meu redor, quadros com mais de 4 metros de altura. O banco ficava exatamente na frente de um quadro com riscos e quadrados. Quieta fiquei perdida olhando a imagem por um tempo sem ver nada de fato. Pensava mais no que ia comer no almoço. Logo, ele veio se sentar do meu lado e impressionado, comentava sobre as obras. "Que incrível, você não acha?". Acho, mas não achava tanto assim.
O engraçado é que foi exatamente neste instante que eu pisquei e vi um pontinho que não tinha visto antes no quadro. E junto com ele, veio enfim, a imagem inteira. O quadro era uma reprodução exata da imensa sala em que estávamos. E todos aqueles quadrados e cores viraram corredores, obras penduradas nas paredes. E até nós ali.
Foi como naquela vez que você não conseguia ver o livro de imagens 3D e tudo parecia um desenho borrado e repetitivo, mas alguém finalmente te ensina que o nariz precisa encostar na folha e os olhos ficarem levemente vesgos...e bam! Você vê o coração saltar da folha direto pras suas mãos.
E de repente, todos os quadros ao redor fizeram sentido. E eu fiquei ali, feliz, rindo e rindo, maravilhada com o óbvio. Porque eu me condiciono a ficar martelando o pouco que eu entendi e só. Mas quando se vê que há mais no mesmo quadro, uau.
Tudo pra dizer que agora entendo uma cadência de obviedades que não me faziam o menor sentido antes e eu ia repetindo, repetindo, como quem pesa a mão nos clichês, mas não entende de verdade o que significa "a vida continua".
O engraçado é que foi exatamente neste instante que eu pisquei e vi um pontinho que não tinha visto antes no quadro. E junto com ele, veio enfim, a imagem inteira. O quadro era uma reprodução exata da imensa sala em que estávamos. E todos aqueles quadrados e cores viraram corredores, obras penduradas nas paredes. E até nós ali.
Foi como naquela vez que você não conseguia ver o livro de imagens 3D e tudo parecia um desenho borrado e repetitivo, mas alguém finalmente te ensina que o nariz precisa encostar na folha e os olhos ficarem levemente vesgos...e bam! Você vê o coração saltar da folha direto pras suas mãos.
E de repente, todos os quadros ao redor fizeram sentido. E eu fiquei ali, feliz, rindo e rindo, maravilhada com o óbvio. Porque eu me condiciono a ficar martelando o pouco que eu entendi e só. Mas quando se vê que há mais no mesmo quadro, uau.
Tudo pra dizer que agora entendo uma cadência de obviedades que não me faziam o menor sentido antes e eu ia repetindo, repetindo, como quem pesa a mão nos clichês, mas não entende de verdade o que significa "a vida continua".
E nessa ânsia de querer explicar o que eu começo a entender, ganhei um aliado. O filme japonês A Partida, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano. É simples, quase inocente de tão previsível, porém honesto. E eu fiquei tentando procurar mil significados nele só porque estou treinada a fazer isso. Uma grande besteira. De novo é o mais simples.
Há tanto no óbvio.
1 comentários:
José León
'Siempre he sentido la vida empezar'
:)
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